SACIEDADE DOS POETAS VIVOS DIGITAL - VOL. 2

GLAUCO MATTOSO - Pseudônimo de Pedro José Ferreira da Silva (paulistano de 1951), trocadilho com "glaucomatoso" (portador de glaucoma, doença congênita que lhe acarretou perda progressiva da visão, até a cegueira total). Após cursar Biblioteconomia (na Escola de Sociologia e Política de São Paulo) e Letras Vernáculas (na USP), ainda nos anos 70 participou, entre os chamados "poetas marginais", da resistência cultural à ditadura militar, época em que, residindo temporariamente no Rio, editou o fanzine poético-panfletário Jornal Dobrabil e começou a colaborar em diversos órgãos da imprensa alternativa, como Lampião (tablóide gay) e Pasquim (tablóide humorístico), além de periódicos literários como o Suplemento da Tribuna e as revistas Escrita, Inéditos e Ficção. Durante a década de 80 e o início dos 90 continuou militando no periodismo contracultural, desde HQ até revistas de música, além de colaborar na grande imprensa (Jornal da Tarde, ensaios na Status e na Around). Após 1995, com a perda da visão, abandonou a criação de cunho gráfico (poesia concreta, quadrinhos) para dedicar-se à letra de música e à produção fonográfica, associado ao selo independente Rotten Records. Colunista de Blocos Online. Tem editados 35 volumes de poesia, 5 de ficção e 6 de ensaios, entre eles O que é Poesia Marginal, pela Brasiliense. Em colaboração com o Prof. Jorge Schwartz (da USP) traduziu a obra inaugural de Jorge Luis Borges, trabalho que lhes valeu um prêmio Jabuti em 1999. Em 2005 foi eleito pelo Corredor Cultural como Cavaleiro das Letras de São Paulo, em Poesia.
Sites:
http://glaucomattoso.sites.uol.com.br/
http://paginas.terra.com.br/arte/PopBox/sonetario/sonetario.htm

Contatos: glaucomattoso@uol.com.br
Página individual de poesia em Blocos Online
Página individual de prosa em Blocos Online


           Soneto 394 Beletrista

Soneto 81 Simbolista

Soneto 38 Modernista

     

           Soneto 150 Tropicalista

Soneto 151 Setesentista

Soneto 909 Geracional

 

SONETO 394 BELETRISTA

Na história da poesia brasileira
Gregório, como um sátiro, desponta.
Dirceu canta Marília, que não conta.
Gonçalves Dias trepa na palmeira.

Rabelo é Zé, não tem eira nem beira.
Escravo, ao Castro Alves, vira afronta.
Bilac eleva e leva a lavra em conta.
Delfino é preso ao pé, mas mal o cheira.

Augustos são vanguarda: Alguém os siga!
Oswald e Mário apupam: Pau no apuro!
Drummond, Bandeira, ombreiam, bons de briga.

Cabral é cabra cru, cerebral, duro.
Se Piva quer viver na Grécia antiga,
Mattoso, em trevas, vive no futuro.

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Glauco Mattoso

 
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