SACIEDADE DOS POETAS VIVOS DIGITAL - VOL. 3

SHEILA PAVANELLI - "Absolutamente perto de você. Intimista. Impossível fugir da contaminação que provoca. De uma virulência que vai além da mera provocação. Não há espaços para proposta. Tudo é convocação. Porque todo o arquétipo de sua obra é dialético. Não há zonas cinzentas. Alegria e tristeza, insegurança e certezas, adeuses e olás e tantos outros ... Tão Homem. Tão Mulher. Num elegante cenário de forças diametralmente opostas, qual cabo de guerra, onde as imagens, cores e sentimentos são apresentados e redesenhados à luz da sua verve. Absolutamente certa do seu tempo. Direta e densa. Quase televisiva. Tem os pontos e contrapontos de seus versos curtos a velocidade dos meios modernos de comunicação. Não deixa qualquer espaço para a indecisão do leitor. A alucinante forma de dizer o difícil de dizer atrai irresistivelmente quem quer que se aventure por seus poemas. Propõe desafios claros e atuais. Tem, seus poemas, o poder de nos acometer com a sadia coragem de visitar e revisitar questões de nossas histórias pessoais. Absolutamente aberta aos riscos. A Sheila tem, como a água, o dom de despertar a nossa alma para a vida. Tem a magia da Fênix. Haja ousadia nesta missão quase transcendental. Eu não tenho dúvidas quanto ao sucesso da missão porque  Obra e Autora tem talento mais que suficiente para isto". José Gonçalves da Luz Neto, in Livro Bracelete (poesia), Editora Paulista, 2002, SP.

Contatos: sheilapavanelli@bol.com.br
Página individual de poesia em Blocos Online

           Olha-me

Serpentes

Mercador persa

     

           Fera

Despedaços

Rio

 

Rio

a noite estava inquieta
quando veio como rio
tornou meu corpo leito
na sombra da noite,
em abraços, me invadiu

veio como correnteza
acordando-me em carinhos
macios e tão ardentes
que dei-lhe os flancos
em rodamoinhos

minha pele molhada
do suor de seus apelos
deitou-me como destinada
desenhou-me a face
dorso e cabelos

seu sabor era pecado
enquanto atava-me a nuca
mostrei-lhe a boca mordida
éramos desespero realizado
éramos posse incontida

olhou-me loucamente
e suplicou tanto amor
que tornou-se belo...muito belo
voei naquele corpo de anjo
na dança do fogo envolvente

abandonei-me aos seus castigos
quantos puderam sua mão fazer
arranhei-lhe as costas
entre beijos e mordidas
e chicotadas de prazer

nossos corpos sacudidos
nossos corpos afogados
erguia-me...arremessava-me
em tremores e gemidos
o abraçava como amado

depois...exaustos
cumpridores do destino
na pura paz da carne tomada,
sua e minha
descansamos enlaçados
naquela louca madrugada

Sheila Pavanelli
1  2 •  3 •  4   6

Terêza Tenório

 
Voltar à capa da Saciedade dos Poetas Vivos