S(ecos) ecos de um hino

I

Eu cantarei aqui às margens (pl)ácidas
que antes a Amazônia era uma selva
e hoje ninguém salva a marcha à ré…

Que as fábricas são reinos retombantes
e os brados são de dor,
de dó,
de fé…

Que a chuva que não cai caía antes
e o povo heroico cai,
mas cai de pé.

Quem desafia o peito é a própria fome
e o desemprego fia a realidade…

A imagem que o cruzeiro resplandece
é quando uma criança à terra desce
pois a esperança nem sequer nasceu…

Em seu formoso céu risonho e límpido
quase a queimada atinge aquela estrela
pois cá no chão feriu,
matou,
morreu!


II

Eu cantarei aqui em berço esplêndido
que ao som do mar os peixes são feridos
e os bichos, muitos são, bem mais que cem…
fulguram, ó Brasil, como excluídos!

São da Terra
as mais varridas
criaturas tão sem campos, tão sem flores…

Pelos bosques tão sem vida
nessa vida não tem freio mais horrores…

Brasil de amor eterno seja símbolo
o Rio Tietê já naufragado
e diga o verde dólar desta flâmula:
-jaz na memória a glória do passado!

Mas se ergues da ganância a clava forte
verás que o pau-brasil já não reluta
nem teme a natureza a própria morte…


Terra adorada…
dentre outras mil
aqui se viu
que és desmatada!

Dos trigos deste solo
o pão sumiu…
Pátria escrava,
Brasil!

                                   Maria Elizabeth Candio

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