CIDADES BRASILEIRAS
Rio de Coração

Quando te olho, Rio, esqueço-me de quem sou
E admiro tua paisagem forte,
De pesos e nuances tantas
Que o fôlego adquiri um ar de nobre
E esses teus mares, montanhas e céu invejáveis
Tua Baixada e tua Zona Sul
De tropeços tão únicos
Que fazem de ti a desarmoniosa escultura
De um palco alvissareiro e elegante
Que se estampa nas prateleiras
E esconde teus quintais

Quando te olho, Rio, orgulho-me de tua acolhida
E dentro deste peito uma coisa cresce certa
Tal qual um assombro de ternura e vaidade
Quando denuncias, de braços abertos,
Que és casa de boa conduta, tomada em doce canção
E percorro tuas Linhas, sejam Amarelas, Verdes ou Vermelhas
Que trazem aos visitantes a realidade das favelas
Estas mesmas que decoram teus morros
E que, à noite, transformam-se em aquarelas luminosas
E lá, do outro lado, por onde escorrem as Serras,
Não escondes as maravilhas que a ti pertencem

Quando te olho, Rio, retrocedo em muitas infâncias
E enriqueço-me com tuas glórias e louvores
Que traçaram muitos rumos escutando teus lamentos
De Zona Oeste e Zona Norte, que complementam o labirinto
De onde muitos desconhecem valores ímpares
Da carioquice resguardada em velados preconceitos
De suas ruas, travessas, avenidas e estradas
Lagoas, riachos, florestas e toda a gente carioca
E nasce a pergunta que explode em tantos gritos:
“Quem pode te olhar com desdém,
Quando dois braços abertos
São os convites à elegância de tuas formas?”

 
                                                                    Marcia Ribeiro

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