SACIEDADE DOS POETAS VIVOS DIGITAL - VOL. 9

ELISA LUCINDA - Elisa Lucinda dos Campos Gomes (Vitória/ES, 2 de fevereiro de 1958), atriz e escritora, diversos livros publicados, inclusive de literatura infantil e contos. Mudou-se para o Rio de Janeiro, em 1986, disposta a seguir a carreira de atriz. Entre as peças de teatro, destaca: "Um Musical Brasileiro", sob a direção de Domingos de Oliveira e Bukowski, "Bicho Solto no Mundo", sob direção de Ticiana Studart. Integrou o elenco do filme "A Causa Secreta", de Sérgio Bianchi. Seu primeiro trabalho na televisão foi na telenovela "Kananga do Japão", em 1989, na extinta TV Manchete, novela de Wilson Aguiar Filho e Leila Míccolis. Atualmente é atriz da Globo, e continua com declamando seus poemas em apresentações teatrais, algumas com a participação especial de Paulo José. Acredita no poema vivo pela declamação, tanto que criou a Escola Lucinda de Poesia Viva, no Rio.
Site: http://www.escolalucinda.com.br/

Contatos: escolalucinda@escolalucinda.com.br
Página individual de poesia em Blocos Online


           Lilith balangandã

Safena

Amanhecimento

     

           No pasto

Texto para uma separação

Da chegada do amor

 

Texto para uma separação

Olhe aqui, olhos de azeviche
Vamos acertar as contas
porque é no dia de hoje
que cê vai embora daqui...
Mas antes, por obséquio:
Quer me devolver o equilíbrio?
Quer me dizer por que cê sumiu?
Quer me devolver o sono meu doril?
Quer se tocar e botar meu marcapasso pra consertar?
Quer me deixar na minha?
Quer tirar a mão de dentro da minha calcinha?
Olhe aqui, olhos de azeviche:
Quer parar de torcer pro meu fim
dentro do meu próprio estádio?
Quer parar de saxdoer no meu próprio rádio?
Vem cá, não vai sair assim...
Antes, quer ter a delicadeza de colar meu espelho?
Assim: agora fica de joelhos
e comece a cuspir todos os meus beijos.
Isso. Agora recolhe!
Engole a farta coreografia destas línguas
Varre com a língua esses anseios
Não haverá mais filho
pulsações e instintos animais.
Hoje eu me suicido ingerindo
sete caixas de anticoncepcionais.
Trata-se de um despejo
Dedetize essa chateação que a gente chamou de desejo.
Pronto: última revista
Leve também essa bobagem
que você chamou
de amor à primeira vista.
Olhos de azeviche, vem cá:
Apague esse gosto de pescoço da minha boca!
E leve esses presentes que você me deu:
essa cara de pau, essa textura de verniz.
Tire também esse sentimento de penetração
esse modo com que você me quis
esses ensaios de idas e voltas
essa esfregação
esse bob wilson erotizado
que a gente chamou de tesão.
Pronto. Olhos de azeviche, pode partir!
Estou calma. Quero ficar sozinha
eu co'a minha alma. Agora pode ir.
Gente! Cadê minha alma que estava aqui?

Elisa Lucinda
1  2    3    4    5   6

Elisa Lucinda

 
Voltar à capa da Saciedade dos Poetas Vivos nº 9