SACIEDADE DOS POETAS VIVOS DIGITAL - VOL. 12

Salgado Maranhão

SALGADO MARANHÃO - José Salgado Santos, 13/11/1953. Além de poeta, letrista. e jornalista. Nasceu no povoado de Cana Brava das Moças, na cidade de Caxias, interior do Maranhão, onde morou trabalhando na roça. Aos 15 anos, mudou-se com os irmãos e a mãe para Teresina, onde foi alfabetizado. Escreveu artigos sobre música para um jornal local e conheceu Torquato Neto, que o incentivou a vir para o Rio de Janeiro, o que fez em 1972. Torquato Neto também sugeriu que criasse um pseudônimo, pois, segundo ele, o nome José Salgado Santos parecia nome de arquivista e não de poeta. Salgado estudou Comunicação na Pontifícia Universidade Católica e trabalhou como. terapeuta corporal, professor de Tai Chi Chuan e mestre em Shiatsu. A partir de 1976 colaborou em várias publicações com artigos e poemas, como a revista "Música do Planeta Terra". Músicas gravadas por Paulinho da Viola, Ney Mato Grosso, Zizi Possi, Elba Ramalho, entre outros. É verbete do Dicionário Cravo Albim da Música Popular Brasileira. Tem poemas traduzidos para o inglês, holandês, francês, alemão e espanhol. Obras publicadas: organizaou, com Sergio Natureza e Moacyr Félix, o livro "Ebulição da escrivatura - Treze poetas impossíveis" (Ed. Civilização Brasileira, 1978 RJ). Livros solos: "Aboio ou Saga do Nordestino em busca da Terra Prometida" (cordel, 1984), "Punhos de serpente" (1989), "Palávora" (1995), "O Beijo da Fera" (1996, Prêmio "Ribeiro Couto" da União Brasileira de Escritores), "Mural de Ventos" (1998, reunião de poemas novos e dos três livros anteriores, Prêmio Jabuti), e "Sol sanguíneo" (2002). Em 2011, na categoria Poesia, vence a premiação anual da Academia Brasileira de Letras.

Página individual de poesia em Blocos Online


           Autorretrato

Tributo a Alberta Hunter

Tributo a Elis Regina

     

           Maiúcias

O alpinista

Tributo a Torquato Neto

 

O ALPINISTA

         
           "o beijo, amigo, é a véspera do escarro.
                   a mão que afaga é a mesma que apedreja."
                                          Augusto dos Anjos

nos últimos tempos andou com a goela seca, de porta
em porta, solando uma guitarra muda. os que lhe
beijaram a boca sumiram por detrás das palmas,
comendo queijo com champagne. o planeta do sucesso
foi apenas um cometa num labirinto de caminhos.
ultimamente, remava contra a maré, tentando amarrar
o vento, indiferente à dor e à solidão nos desertos
do desamor. quem acompanhou seus passos
o viu despencar no vazio, feito um alpinista obstinado
tentando escalar as nuvens com as unhas.

               Do livro: "Punhos da Serpente", Achiamé, 1989, RJ

Salgado Maranhão
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