Astrônomo de mim

Olho para dentro de mim
como o astrônomo que volta
a luneta para o céu
na busca de sua estrela-guia.

Sinto inveja do astrônomo
pois sempre encontra
o astro que procura.
Quanto a mim
não consigo encontrar
a minha estrela interior.

Por mais que procure
no céu de meu íntimo
não encontro ao menos
uma estrela-anã
ou um grão infinitesimal
de poeira cósmica.

Meu universo interior
é como uma supernova,
uma estrela que explodiu
e que, apesar de irradiar intensa luz,
nada mais possui dentro de si.

Meu ser todo implodiu,
tal como um buraco negro,
que absorve toda a luz.
Da mesma forma
absorvo a luz dos que passam por mim
e me escureço,
nada irradio de volta,
guardo o fulgor para mim
na esperança de um dia conseguir iluminar
a Via Láctea de minha existência.

Roberto Fortes

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