Quando amanheço... leito manso e lento
               Nesta manhã sob este sol silente
               A cidade desperta calmamente
               Ao meu olhar atônito e em tormento.

               Uma canoa tangida pelo vento
               Com as lembranças da última enchente
               Em mim desliza e a cidade sente,
               À margem, nos degraus, um leve alento.

               Mas a tristeza morre neste instante
               Quando, no Pontal, o Itacaiúnas
               Vem, farto de canoas, desaguar...

               E sou, portanto, este olhar brilhante
               Cheio de lembranças, de botos, de buiúnas...
               Que corre lento assim de encontro ao mar...

        Glossário:

        1.Pontal: s. m. Faixa de terra entre os rios Tocantins e Itacaiúnas semelhante a
                      ums ponta de lança, onde nasceu a cidade de Marabá  – PA.
        2.Itacaiúnas: s. m. Nome do rio afluente do Tocantins pela margem esquerda
        3.Boto: s. m. Bras. Mamífero cetáceo, da família dos platanistídeos, da
                    Bacia Amazônica. Animal que segundo a lenda transforma-se num
                    lindo rapaz que encanta e seduz as jovens ribeirinhas.
        4.Buiúnas: s. f. Figura mitológica indígena temida por sua maldade. Há
                        registros de aparições nos rios Tocantins e Itacaiúnas, principalmente
                        nas épocas das cheias.

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