São tão remotas as estrelas, que apesar da vertiginosa velocidade da luz, elas se apagam e continuam a brilhar durante séculos. (*)
Morrem os mundos... Silenciosa e escura,
Eterna noite cinge-os. Mudas, frias,
Nas luminosas solidões da altura
Erguem-se, assim, necrópoles sombrias.

Mas, pra nós, di-lo a ciência, além perdura
A vida, e expande as rútilas magias...
Pelos séc'los em fora a luz fulgura
Traçando-lhes as órbitas vazias.

Meus ideais! extinta claridade —
Mortos, rompeis, fantásticos e insanos,
Da minh'alma a revolta imensidade...

E sois ainda todos os enganos
E toda a luz e toda a mocidade
Desta velhice trágica aos vinte anos...

                                                            Euclides da Cunha

Do livro: Antologia dos Poetas Brasileiros Bissextos contemporâneos, Ed. Nova Fronteira, 1996, RJ
Enviado por: Leninha

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(*) Poema do tempo em que o autor cursava a Escola Militar

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