MENTIRA
 
Se eu minto é  pra não te perder,
É  pra te velar dos meus perigos,
Das rondas  da minha agonia desenfreada
Que afogo em todos os momentos do dia
Na lama dos meus pensamentos.
 Minto pra não ficar no zig zag
Da estrada sem acostamento,
Encontrando verdades que não quero reconhecer.
Se eu minto corro riscos
De te ver tateando o clarão nítido e rápido
Entre o trovão e o raio.
Pancadas da desventura insatisfeita.
Farol  cego  da multidão que inventa o veneno
No ritmo da língua insegura.
Se eu  minto mais  te amo.
Mais deslizo sem tato em corpos desalinhados
Que não quero mais que apenas sentir.
Mais beijo bocas sem palavras cúmplices.
Mais me deito em camas arriscadas.

Vou me perdendo nas veredas das verdades
Porque preciso te trair pra mais te amar.
Por isso.... preciso mentir.
 
Cláudia Villela de Andrade

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