Loucuras

Este teu desejo desvairado
De que eu preencha tuas entranhas
Com o meu túrgido sexo
Tira o meu sono
E me faz perplexo,
Enquanto sinto o abandono
Do teu corpo junto ao meu
Com tuas pernas entreabertas
Como se estivesses em tua casa
Com uma porta escancarada
Me pedindo para entrar.
E quando percebes a enormidade
Do rígido falo, pareces vacilar,
Mas à medida que tuas carnes,
Mornas e escorregadias, se afastam
E lhe dão exígua passagem,
Deliras de prazer
Ao te sentir penetrada
Daquela tumidez imensa e cálida.
E para abafar teus gritos e gemidos
(Resultantes de um misto de gozo e de dor)
Sufoco tua boca
De bacante louca,
A fim de não excitar os circunstantes.
E quando começa o vaivém
Teu desespero parece superar o limite
De todo tipo de apetite
E de tolerância aos delírios.
E quanto mais os vaivéns se intensificam
Pareces enlouquecer
De tanto prazer:
Mordes as fronhas e os lençóis,
Puxas do meu cabelo os caracóis,
Cravas as garras na minha pele
Como uma fera enfurecida;
E pedes mais, mais, mais;
E chegas a pedir coisas incríveis:
Me dilacera, me flagela, me faz sofrer"
Além de outras tantas impossíveis!

Raymundo Silveira

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