Seios de faiança em Viana do Castelo

O rio lima, o mar - calmos
e o marujo francisco
de nevoeiro disfarçado
acalentava o barco - eram salmos
do monte santa luzia irene
solene vila fria mirava
(do outro lado)
e pela vez primeira
francisco fez seus olhos
de nevoeiro disfarçado
no porto uma brisa madorna
cumplicia estaleiros
galeões e águas
entrelaçar
(o rio, o mar)
como irene quisera francisco
entrelaçar
junto ao cais os pés marujos mareados
cercados de calçadas e ruelas
ela e o chafariz mudos
tatuados no braço timoneiro
de francisco , o da igreja
bênçãos pela chegada na matriz
irene corre, avança, tropeça
entreabertas portas e janelas manuelinas
contemplam o rosto-rastro da paixão
e mundanas vêem do fino tecido
despidos seios de faiança
como taças de vinho adormecido
francisco sabe de sua lida
seu barco sonha - galeão cruz de malta
alta maré de idas e vindas
com “notícias fresquinhas do mar”
o marujo francisco
de nevoeiro disfarçado - sempre
como irene quisera francisco
entrelaçar
como quisera

Sérgio Gerônimo

« Voltar