Era uma mulher...

            magrinha, de pescoço longo, lábios grossos
            e olhos negros como pó de betume seco.
            Seu nome era um mistério, pois, tivera vários.
            Seus lábios carnudos e úmidos
            tornavam-se mais proeminentes
            se ela alimentava
            uma ação expressa como o impulso
            da leoa meio escondida pelas pedras do deserto.
            Era uma egipcia de velha dinastia.
            Sua idade orçava entre 18 ou 19 anos.

            As mãos secas como garras demonstravam
            quando estava com raiva;
            pareciam as garras do gavião
            que nelas tem sua principal arma:
            então seus olhos negros de pó preto
            fixavam o vazio das salas.
            La fora, soprava a tempestade do deserto
            levantando a areia para leva-la a lugar nenhum.
            E era nisso que estavam os longos anos do Egito:
            No Mistério e na Sabedoria tirada da Solidão.

  Do livro: "Mistérios", Ed. Europa, 2003, RJ
                 Clarisse de Oliveira

« Voltar