OS INTERLÚNIOS

POEMA 1

A carne tecida d'água
de sangue tingidas veias.

Perto, osso e areia
tal alicerce inconsútil

de áquina provisória.
Presente em passado

paradoxal ressoa. Pode
morrer um corpo

em sua árvore madura?
O sonho amarra

vida, dor e terra.
onde a memória cala

haverão sinos, ressonantes?
Claros ais, olhos

penetrados em
sombras de luz fora.

Exantue, pó e osso
remidos.
Pêlos e alma indulgem.
 

POEMA 2

Medimos o peito em abstrato,
fronteiriços, lineares, juízes
agrimensores de rumos e rimas.

A trena tem maleáveis desvios
pendores colhidos nas ciladas,
pendões amoldados de eus circunstanciais.

Marcamos, ascensional, a trena,
atamos ao peito, altivos,
estremas divisíveis, esplendorosos.

A fé é nossa baliza,
rompidos, ai que inversos intentos
morrendo no pó do ego fendido.
 

POEMA 3

O fogo em pó cunhado,
difuso, sagrado, leviano
retém a flecha nas retinas,

A água na extrema urgência
rebenta em cavos e rasuras,
as inertes reservas da alma.

Bebemos, perplexos, a água
pisamos nas cinzas, sonhos
fráguas providenciais, divinos.

As chispas são nossos ventres,
reconcebemos phoenix tácita
reincidindo velhas rotinas.
 
 

POEMA 4

A maestria dos erros sombrios
vertidos, quebrantados, modular
cadencia na ordem dos fins.

A memória logra pentímetros
contrafaz num olhar de cataclismo,
atrozes e cínicas evidências.

Ruminamos, subjugados, a memória
regemos em notas, abismos
ritos desmesuráveis, entorpecidos.

As solidões são nossas vítimas,
amargamos tornados nulos
silenciando particípios e gerúndios.

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