ANSEIO AZUL

O inverno desistiu... Findou o mês de agosto.
E este céu todo azul? ...Ó que enorme docel!
Pressinto que virás... Amanheci disposto.
Tenho rimas, aqui, em alado tropel.

Exagero de azul! ...Bom demais a meu gosto!
No meu caderno, o alvor, boceja no papel.
Pode vir, meu amor! quero ver o teu rosto!
Vou fazer da caneta um fogo corcel.

É setembro! É setembro! Afirma a primavera
que não envelheci, debalde, a tua espera.
Agora? ...Sim, agora. Agora é que convém.

Andorinhas gentis, voam no alto agora...
(Emigrarão depois, quando chegar a hora.)
Vou morrer! Estou velho. Apressa-te, meu bem!

                               Miguel Russowsky

« Voltar