LIMPEZA

Levantem-se, caras pintadas,
Consciências, brigadas!
Tá na hora do transplante da Constituição.
Já chegaram no sertão cartilha, água, pão e dentadura,
Não mais em troca de ambição e ditadura.
Venham, cheguem à sacada!
Assistam à última bactéria da nação contaminada:
Bandido torpe, cara-de-pau embecado
Pedófilo, prefeito, primata, deputado
Jantando humilhação e o roubado quinhão
Da autópsia de bens do escravo cidadão.
Caviar temperado do extinto animal,
Dos indigentes olhares em cadeia nacional.
Deixando no testamento incompetência e covardia,
Fim dos podres genes de todo o trem da alegria.
Despencando do décimo andar,
Do malcaratismo de frente pro mar.
Se espatifando no “propinoduto” do inferno,
Fratura exposta do castigo eterno.
Vejam só: tanta falcatrua prá lesar o povo-joão,
E, agora, jaz com ele na terra batida do chão
Levou junto o escracho, a decadência, a desesperança,
O cambalacho, o superfaturamento, a desnutrição da criança
A chantagem de plantão
Arrobas de desolação
Na primeira cena que não simulou
Sua morte.
Na pátria que nunca amou.

                                                                                Maria Alice Penna

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