Almas Mortas
Pelas ruas solitárias,
Homens vagueiam como zumbis;

Rumam ao degredo em pares,
As feições contraídas num esgar
Que minam os olhos baços...
Quase mortos!

Quase também são suas almas,
Que emudecem em pensamentos,
Açoitados pela consciência
Em reprovação de seus atos,
Queimam em dor, ao sabor da chibata.

Caminham em pares,
Passos nunca antes caminhados
Ciciam cambiando seus segredos
Assim seguem seus caminhos
Entre as arvores cinzentas
Que não balançam mais folhas

Perdido —  o olhar emperrado,
Já não perscruta à volta
Enterrados no passado;
Tateia o mundo a mãos cegas
Cada uma o seu futuro
Já não contemplam a noite

Não sabem já se é dia.

                                                  José Mattos

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