Cismas

Cismas na rima imperfeita
Pensamentos e conflitos tão distantes
Acalentaria minh’alma desfeita?
Correria meus olhos destes instantes?

Qual prosa, mar e poesia
De saudades será feita a minha história
Mas não sei viver de hipocrisia
E no lamento segue a flecha da discórdia

Poderia esconder-me entre arbustos
E recusar a fruta oferecida
Mas indigna seria minha presença
Não fosse a tua em meus sustos

Lanço mão de qualquer fado
Canto, às avessas do bem querer
Suspirando por um breve amanhecer

Refugio-me em séries de um afago
Choro em momentos dos teus braços
E envolvo a inocência nos teus laços

Não me furto à grandeza de uma obra
E não te enganes do que serei capaz
Nem de longe me aproximo do que se faz
Estando tão perto da distância da paz

                                                                        Márcia Ribeiro

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