Silêncio! Minh’Alma Canta

Hoje eu preciso me calar
Manter em silêncio minha alma
Fechar os sentidos que me acolhem
Fazer de mim a mera ausência

Hoje eu preciso me calar
Dizer para mim que não quero gritar
Entrar no casulo de liberdade
Sentir o escuro que habita meu ser
Ser condizente com a tristeza
Paciente com a alegria
Extravagante com a solidão

Parir de mim a claridade

Hoje eu preciso me calar
Usufruir toda maldade
Trancar a porta atrás de mim
Chorar perdida no vazio
Ninar o pesadelo de existir
Coar misérias de sofrer
Subir, sem êxtase, o degrau

Nutrir em mim a escuridão

Hoje eu preciso me calar
Traçar linhas tortuosas
Falhar em tudo impunemente
Sofrer os murros da discórdia
Ser sozinha neste mundo
Gemer fantasmas feridos
Guerrear com vultos bandidos
Trair minha essência
Gerar pétalas caídas

Morrer sem nem ter vivido

                                                                    Márcia Ribeiro

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