Manhã

Na brandura da manhã
achou-se o poeta a pensar:
Será que este que agora vejo céu
amanhã azul e infindo será?
Talvez sejam muitas as perguntas
e talvez não há o que perguntar...
Mas será que este azul que agora vejo
céu infindo amanhã será?

Os pombos sujam os telhados
e alimentam os velhinhos.
É preciso mundo grande e sujo
tantos aviões, sobrevoar?
Fracos os amores, densas as ilusões
mas é possível mudar...
Mas será preciso mundo, aviões
se grande e sujo és, sobrevoar?

Na brandura da manhã
o homem sentiu o azul do céu
e temeu não mais azul respirar

                                                                                  Henrique Vitorino

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