O Menino e o Povoado [Não Tínhamos nenhum brinquedo]

Não tínhamos nenhum brinquedo
Comprado. Fabricamos
Nossos papagaios, piões,
Diabolô.
A noite de mãos livres e
pés ligeiros era: pique, barra-
manteiga, cruzado.
Certas noites de céu estrelado
E lua, ficávamos deitados na
Grama da igreja de olhos presos
Por fios luminosos vindos do céu
era jogo de
Encantamento. No silêncio podíamos
Perceber o menor ruído
Hora do deslocamento dos
Pequenos lumes... Onde andam
Aqueles meninos, e aquele
Céu luminoso e de festa?
Os medos desapareciam

Sem nada dizer nos recolhíamos
Tranquilos...
                                               
                                 Portinari

Do livro: Poemas: o menino e o povoado, aparições, a revolta, uma prece, prefácio de Manuel Bandeira. Nota biográficas de Antonio Callado, José Olympio, 1964, RJ.

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