Sem Saída

Quando beijas,
Mordes por acaso a boca
Que louca...
E a mira?
É o nó da garganta
Onde guardo meus segredos
Meus desejos,
Minha ira.

Quero gritar,
Não deixas.
Tento escapar,
Que gueixa...

Como pode-se viver
Dia e noite e noite e vida
Com teu corpo emborcado no meu corpo
Feito um copo onde giro, giro, giro
E não há volta e não há ida

Quem és tu?
Que sufocas o meu sufoco
Compões fados com meu choro
Mas me veda em plena luz
Me deixando sem saída

E se um dia
Esse copo estilhaçar e me lançar
De casa pra avenida,
Me diga:
Onde é norte,
Quem é sul?
Como que boca vou a Roma sem vontade
Com que olhos,
Com que braços,
Com que pernas,
Tomo rumo à liberdade (que roubastes)
Ou por descuido foi perdida?

                                             Almir Guilhermino
Paris, maio2010

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