VENS DE UMA CASA POBRE
(parafraseando Neruda)

Vens de uma casa pobre
E nem sempre tua boca teve a ambrosia,
Nem sempre teu corpo teve agasalho.

Aprendeste a língua das estações,
O sonhar à sombra das mangueiras,
O cantar das toadas dos boiadeiros.
E teu coração de criança voava,
Voava com Júlio Verne e Lobato,
Por entre universos, voava...

Vens de uma casa pobre
E em teu coração ainda mora
O menino tímido e descalço
Que com mágicas mãos construía
As espadinhas de bambu,
Os boizinhos de abóbora...
Os brinquedos da tua infância.

Vens de uma casa pobre
E na tua terra vermelha,
E nos olhos das tuas vacas
Aprendeste a calma
A serenidade
A grandeza
Dos que simplesmente são o que são.

Vens de uma casa pobre,
E hoje és meu companheiro

Inara Couto

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