Rio nos olhos

Um rio prestes nos olhos
me percorre nos subterrâneos,
do corpo,
em fios salobros,
ribeirões em mim.

Não é fraqueza:
é por uma força
que este rio me deságua
quando um gesto, um fato,
uma fala, um segredo
o desperta
e se deita no leito
em mim.

Pode um homem conter
um rio?
Todos contêm.

Alguns o contêm.
Eu, não:
eu o deixo a sangrar.

Aleilton Fonseca

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