MEU PIANO

Pobre amigo, meu piano desolado,
Há quanto tempo não converso contigo;
Há quanto tempo não bato em teu teclado,
Onde falo da dor que tenho comigo.

Há quanto tempo já, meu dileto amigo,
Que não te abro o coração amargurado,
Para procurar em teu tão terno abrigo,
Conforto ao desalento mal incurado.

Tenho sido, talvez, até muito ingrata.
- Perdoa amigo, a saudade é que maltrata,
E que procuro sempre, sempre esquecer.

Se já não quero agora te revelar,
É com receio dessa dor aumentar
E com ela a saudade no meu viver.

FASCINAÇÃO DE UMA VOZ

Quando ele canta é muda a natureza
E o som de sua voz logo domina...
A mágoa cessa, acaba-se a tristeza
E um fluído emocional logo fascina!

Não sopra o vento em margens da campina,
Não geme o triste em sua dor acesa;
Somente há festa mágica e divina,
Aureolada de luz e de beleza.

Em tudo há doce encanto que enternece,
Como o murmúrio doce de uma prece,
Que faz sonhar com regiões mais puras.

Se ele canta, alegram-se os corações,
Felizes em ouvir lindas canções,
Numa festa encantada de ternuras.

Dulce A. Siqueira

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