CONTRADANÇA

Sou feito a bailarina que descansa,
entregue após a valsa que entristece
e que a faz, sorrateira em esperanças,
refrear o desejo que emudece.

Tão pouco sei de mim e de você!
(Do riso pulsa a veia latejante)
O espelho em que me vejo é tão clichê!
Reflete até o espaço itinerante!

Assim, quando acordar da contradança,
aguardarei o olhar que me envaidece
e que me faz corar e me enternece.

E entardecendo a dor que não fenece
meus olhos, de cansaço, vão se unir.
À espera, movimento não padece.

                                          Márcia Sanchez Luz

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