Roteiro de mim

Quem sou? Não sei... Em tudo o que revelo,
Minha alma de emoções está repleta.
Se, desta vez, chamaram-me “Marcelo”,
A glória Deus me deu de ser poeta.

Tentando ser feliz, acordos selo...
Viver é superar-se em cada meta.
O meu maior desejo, o meu anelo
É que, no mundo, a paz seja completa.

Eu mesmo me reescrevo a cada dia,
O corpo desfraldado, solto ao vento,
Singrando ondas de além, com galhardia.

Alma cigana que detesta o cais,
Amo o mar alto, em rotas que eu invento.
Este sou eu: poeta... e nada mais!

Bendito!

Não troco este que sou pelo que eu fui!
Embora barrigudo e mais careca,
Por trás da timidez e andar de jeca,
A essência é que melhora, é que evolui...

Este que sou agora — e se disseca —
Ainda ama Bilac e o grande Ruy,
Mas bendito o Marcelo que hoje floui,
Mais liberto do lodo e da charneca.

Ah. como bendirei aquele dia
Em que somarei à luz da poesia
A luz do amor de Deus no coração.

Bendigo, sobretudo, esta verdade:
Se a vida é um rito de mutilação,
É ponte que nos liga à eternidade!

                                 Marcelo Henrique

Do livro: "Epifania", Ed autor, 2015, Amparo/SP

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