Sou bicho do mato

Sou tupiniquim
bicho do mato
bisavós pegos a laço
benzida com ramos de aipim
curada com fumo de corda,
arruda, urina, alecrim,
poejo, pó de café
e muitos quilos de fé!
Em meus sonhos de criança
não havia purpurina
apenas a lua branca
fazia meus olhos brilhar
Minha mãe era uma santa
e cedo me ensinou a rezar
Quando sol se despedia,
o vento gentil me trazia
os acordes da Ave Maria
e dos sinos da capela a chorar
A noite sorrindo chegava,
com estrelas o céu bordava
e enchia meu mundo de paz

Sou bicho do mato
Meu avô era poeta
O meu pai violonista
DNA de gente seleta
sangue bom de artista
na arte de ser feliz.
Meu pai lavrava a terra de dia
à noite, lavrava a melodia
e, com acordes ligeiros,
de seu plangente violão,
minha mãe acompanhava,
parceira na arte e na vida
dona de uma voz de diva
a todos trazia a emoção!

Sou tupiniquim
sou bicho do mato
mas posso ser de fino trato
quando o assunto é o coração!
A poesia é minha vida
é ela quem me dá guarida
nas horas de solidão!

Sou tupiniquim
Sou bicho do mato
mas tenho humor de sobra
quando a pedra incomoda
faço dela a poesia
e, da vida, uma canção!
Sou bicho mato!

                     Benvinda Palma

 

Tavariana

Alguns poetas cantam as estrelas

                                                            Ivo

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