Sou o que ninguém vê.
A paixão indomada,
a poesia não adiada.
O sumo, o sopro do mundo,
o azul de maio, o grito profundo.

Sou a tela vazia,
o poema mudo,
a arte e o encarte.

Sou a filha divina,
a rima torta a toda sorte.
Sou a cor-de-rosa,
a rosa do espinho,
a mão fria e o abraço quente.

Sou facho,
flecha e fenda escondida.

Sou concha,
carbono,
casulo,
às vezes borboleta.

Sou a devoção,
a devolução e raramente solução.

Sou casa aconchegante,
mas posso ser caracol.

Sou eufemismo de abril,
girassóis e sóis,
maio incerto.

Sou a arte,
o arranjo,
o certo e o deslize.
A emoção nas veias e nas cicatrizes.

                                              Pat Zamberlan

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