tiro a poesia da velha máquina,
tiro a poeira das palavras,
o que eu ia escrever me foge,
deixo escapar pela torneira
o momento,
como estar diante desta folha
que desafia o coração e as mãos?

essa tarde de domingo,
esse silêncio...

(o fogo queima o mato do vizinho)

que ponte é essa,
pincelar impressões em páginas?
será que une
as margens almas?

vou escrevendo,
deve haver algum motivo
para eu estar aqui,
diante desta máquina...

                Teresa Vignoli

Do livro: Chama Verbo, Ed. Komedi, 1999, SP

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