A MÁQUINA DE ESCREVER

Ei-la dormindo
a um canto
sonhos alfabéticos.
Jaz encapuçada,
talvez com vergonha
do amor não inscrito.
Humilde no ventre
da escrivaninha,
ciosa
de segredos terríveis,
guarda nas teclas dormentes
o poeta total.
O poema de ninguém.
A aranha do tempo
trançará sobre ela a sua teia.
Que um dia alguém desfará
sem acordar o poema.
Silêncio!
dormindo a um canto
sonhos
Esfinge
sem Édipo.

Do livro: Incomunição (1977), in Fragmentos da Paixão - poemas reunidos, Massao Ohno, 2000, SP

A BOMBA

Belo
fulero de
morte, terrível. Redoma
de fogo, anti-sol. Macro-
força do microcósmico. Vens
donde amor não veio, e poderia. Oni-
ferária, tudo levas, nas
vitrígneas asas, às
ásperas trevas.

 Anderson Braga Horta

Do livro: Exercícios de Homem, in Fragmenos da Paixão - poemas reunidos, Massao Ohno, 2000, SP

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