QUARTA DE CRESCENTE

E do pôr do sol fez-se a floresta
Repleta de esplendor,
Rubro-cetim.
E da floresta fez-se a dor
Que dói no fundo
De minh'alma.
Cor de rubi feito esmeralda
Feito a lua encabreirada
Numa quarta de crescente
Onde o sol não tem poente.
Cor de seda transparente
Feito o mar incandescente
Numa quinta de minguante
Onde a dor se fez pungente.
Cor de fogo quando brilha
Meu amor se foi tornando
Feito dor incandescente
Num luar intransparente.

NO VERDE DOS TEUS OLHOS

No verde dos teus olhos
Enxergo teus enganos
Proclamo teus pecados
E clamo, não me deixes!

O azul que em mares vês
Em verde se transforma
Transformas até ele
Por que não te transformas?

Trazes formas diversas
E cores modificas
Pergunto se não podes
A dor modificar.

Norteias meu sorriso
Aturdes meu compasso
Num branco me arremessas
Atiras-me no espaço.

E eu envolta em prantos
Prateio teu remorso
Ajustando em meu canto
Teu espelho, meu cansaço.

Márcia Sanchez Luz

O segundo poema (acima) é do livro: "No verde dos teus olhos", Ed. Protexto, PR, 2007