Natureza morta

Na Terra azul, no azul do mar, do céu,
Nas nuvens brancas feitas de algodão,
No verde, igual por toda a plantação,
E na casinha simples, cor de mel,

A natureza espalha, com pincel,
As mais bonitas cores da estação
Mas, na varanda, chora um coração
Que nada vê, senão um negro véu.

A morte entrou na casa, dispersou
O céu e as nuvens, fez sumir o mar
E a plantação à terra deu lugar.

No coração vazio que ali ficou
A natureza morta se espalhou -
Já não havia luz em seu olhar...

                        Bernardo Trancoso