Papai nosso de todos os dias

Onde desabrochavam flores,
feito futuro que rompe num amanhecer de Outono
Crianças que chegavam pela primeira vez,
transportando sonhos nas mochilas
E desejos para o primeiro dia da escola
Milhares de passos e pés atravessaram aquela portaria que se cultivaram
Uma geração nos olhos de um tal cultivador de valor

Onde se criava homens, também se germinava plantas
Ele não era professor,
Mas era como se fosse, mais do que isso, era o lavrador o modesto da vida

A onde se tinha pomar, também tinha um ser chamado papai
O mestre que atirava grãos, segredava com feijão e o milho atulhava o bidão
A matemática da terra e as línguas da natureza semeava a mente das crianças
Como era bom, aquela ânsia da chegada do interregno das aulas
A melhor história era dele, o lavrador, dizia tudo com amor

Era brinquedo era o credo, era o ser sincero
O ancião da criançada, o antigo construtor de cidadãos
Feito um tal
Mário que se encontra perdido
Num Tarrafal que tenta descobrir um Loff, meio loco meio poeta

Onde a escola era aula a plantação também era lição,
No MEC, as palavras do papai também era disciplina para a vida, hoje valor
Quem me diga que não sente saudades das “rapinagens” depois da hora
Das corridas por entusiasmo,
De desenvolturas consentidas nessas caras que hoje já perderam a criancice
Todos nós sabíamos que ele perdoava
Ele era, papai de todos sem nunca ter aceitado ser o nosso pai.

Semente que semeou em nos lá no passado o que deu hoje?
Digam-me?
Ó doutor, ensinador, enfermeira, babadouro, estadista
Ó chefe, autor, pateta
Ó poeta
Ó humanos desta nação
Ó …
Onde estão vocês para curvarem diante deste agricultor da vida
Que em muitas cabeças fez a plantação da humanidade
E hoje se esqueceram que ele fez a base desta tua maioridade
Ó homens… ó criaturas …
Mesmo longe, nesse tempo, ainda consegue plantar essa eterna saudade

                                                                                                              Mário Loff

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