A MONÇÃO ÁRIDA
Uma tentativa expressional do psíquico aldeano e dos cultivadores do arrozal, quando a monção se atrasa!
A mulher acha estéril. E o melro
Como uma traça ao lado dum coqueiro.

A mulher está estéril. E o mercado,
Rasteja como um óleo escorregadio.

A mulher rouca: "Você me casará?
Irei procurar sob aquelas pedras planas
O vapor das chuvas mortas".

O berço do rio: completamente seco,
O lagarto, nos ramos altos da árvore se acha

No ocaso de seu tempo, na cratera arada
Onde uma mulher como um apóstrofo frágil
Dança a noite,  palidamente dança

E o melro, ao lado do coqueiro, teso, se encontra!

            Do livro: "Lágrima de saudade", Ed. Blocos, 2003, RJ

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