até depois

agora qie te foste embora
que partiste
definitiva como o sol poenta
resta-ne no vento um murmúrio triste
na boca um gosto amargo
que demora
e o sofá vazio
ali
na minha frente

o cão estranhará a tua ausência
olhará a porta numa prece
queixo nas patas
um ar de inocêcia
dois dias ou três
e logo esquece
nunca teve cabeá para datas
e vai pensar em ti
no máximo
um mês

é bem possível que volte a fumar
mas tudo o mais continuará igual
e se a vida correr bem
e me lembrar
vou oferecer-te flores
lá pelo natal
 

a menos que tu queiras choclates
— mas como raios vou saber o que preferes
se nunca entendi nada de mulheres
e não suporto ouvir mais disparates?

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o dia por nascer
noite já está morta
o cão
e eu
os dois
olhando a porta

 J. M. Restivo Braz

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