À ESPERA DUMA DESCONHECIDA

Vem bem-amada
vem bater suavemente à minha porta!

vem recolher depressa
ao leito do meu destino!

Ó desconhecida ó bem-amada
sinto-me perdido na noite sem tino
sinto-me só num leito
sem madrugada!

Vem bem-amada
traz teus dedos fadados de seda e de rosas
desfaz esta noite muda
no engano crescida!

Que os meus passos desafiando o orgulho dos medos
que os meus passos na noite errante
errantes como datas falíveis no prazer
subam mais alto
até à seda dos teus dedos!

Que os meus olhos
nas noites vagabundas
vagabundos com raiva de se curvarem
em corpos prostitutos
que os meus olhos vejam nos teus
a certeza dos corpos incorruptos!

Que a minha fúria de sexo impenitente
que o meu ímpeto de volúpia diferente
seja escrava do teu encanto
seja idade perdida
seja ave caída seja palavra morta
ou água derramada!

Vem bem-amada
Vem bater à minha porta!

                                                      Daniel Cristal

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