Pássaro das Ilhas

Pássaros das ilhas: no vosso voo
há uma vontade,
há uma arte secreta e uma divina ciência,
graça de eternidade.

As vossas evoluções, academia expressiva,
sinais sobre o azul,
levam ao Oriente fantasia, ao Ocidente ânsia viva,
paz ao Norte e ao Sul.

Eis perante os vossos olhos
a glória das rosas e a inocência dos lírios,
eis perante as vossas asas líricas as brisas de Ulisses,
os ventos de Jasão:

Almas doces e herméticas que ante o eterno problema
sois, em número veloz,
o mesmo que a rocha, o furacão, a gema,
o arco-íris e a voz.

Pássaros das ilhas, oh, pássaros do mar!
vossos voos, sendo
bênção, dos meus olhos, são problemas divinos
da minha meditação.

E com as asas puras do meu desejo abertas
para a imensidade,
imito os vossos círculos em busca das portas
da Verdade única.

                                                                                                       Rubén Darío
                                                                                (Tradução de José Agostinho Baptista)

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