ASPIRAÇÕES

Lábios que imploro em vão, lábios que eu idealizo!
Ouvir-vos, mesmo ao longe, alegra-me e distrai-me.
Guarda-jóias que fecha e abre num sorriso,
            Lábios — beijai-me!

Braços de neve? Não! — Serpentes de delícias,
Quando o prazer vos torça e a febre-amor vos queime!
Cadeia de roubar a vida entre carícias,
            Braços — prendei-me!

Olhos excepcionais! estranhos sóis polares!
Se a vossa luz me afasta, o vosso abismo atrai-me!
Grandes como dois céus, fundos como dois mares...
            Olhos — matai-me!

                                                                                Queirós Ribeiro
Do livro: "Líricas Portuguesas", Portugália Editora, seleção, prefácio e notas de Cabral do Nascimento, 2ª ed., 1957, Portugal

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