Maio
 
Há um mês foste-te embora;
E eu sofro de ti distante,
Embalde viceja agora
O lilás fresco e odorante.
 
A sós, fujo ao claro brilho
Deste céu que me exaspera,
Pois aumenta o horror do exílio
O esplendor da primavera.
 
Contra os vidros transparentes
Da alcova de onde não saio,
Batendo as asas trementes
Ouço os insectos de Maio.
 
Do sol ao rútilo beijo
Cerro os lábios, desgostoso,
E só, do lilás desejo
O húmido ramo cheiroso;
 
Pois em meio às suas dores,
Do lilás, minh'alma em ânsia,
Vê teus olhares — nas flores,
Teu hálito — na fragrância.

                                                                          François Coppée
                                                                (Tradução de Raimundo Corrêa)

Enviado por: Belvedere

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