Dear Doctor, I Have Read Your Play
Caro Doutor, estou pronto! (excertos)
 
 
Dear Doctor, I have read your play, 
Which is a good one in its way, 
Purges the eyes, and moves the bowels, 
And drenches handkerchiefs like towels 
With tears that, in a flux of grief, 
Afford hysterical relief 
To shatter'd nerves and quicken'd pulses, 
Which your catastrophe convulses. 
I like your moral and machinery; 
Your plot, too, has such scope for scenery! 
Your dialogue is apt and smart; 
The play's concoction full of art; 
Your hero raves, your heroine cries, 
All stab, and everybody dies; 
In short, your tragedy would be 
The very thing to hear and see; 
And for a piece of publication, 
If I decline on this occasion, 
It is not that I am not sensible 
To merits in themselves ostensible, 
But — and I grieve to speak it — plays 
Are drugs — mere drugs, Sir, nowadays. 
Para o senhor que é perito em sua arte,
Corte os meus olhos, remova minhas entranhas,
E as preencha com suas toalhas
Embebidas nas lágrimas do meu desgosto,
E recolhidas no auge da histeria
Que despedaça nervos e acelera pulsações,
Sob  o influxo do  vosso desastroso tratamento.
Admiro vosso talento e os vossos apetrechos;
Vossa performance também é condizente com o cenário,
Vossas palavras são ágeis e envolventes;
A trama do vosso trabalho é impecável;
Em vós, o herói se empolga e a heroína chora,
Tudo fere e mesmo assim, todos morrem.
Em síntese, vossa tragédia consiste
Em tudo observar e tudo ouvir;
E para que o vosso amor próprio saia intacto,
Se eu resolver desistir agora,
Não será porque desconfiei do vosso mérito
Em detrimento daqueles que apregoam qualidades.
Todavia, custa-me dizer: opere-me
Mas dê-me drogas, Senhor, um mar de drogas.
 
[...]

But, to return, Sir, to your play; 
Sorry, Sir, but I cannot deal, 
Unless 'twere acted by O'Neill. 
My hands are full--my head so busy, 
I'm almost dead--and always dizzy; 
And so, with endless truth and hurry, 
Dear Doctor, I am yours.

[...]

Desculpe, mas não poderia resistir,
A menos que fosse contido pela força bruta.
Minhas mãos estão tensas; minha cabeça tão confusa,
Ando sempre tonto e quase a desfalecer;
Portanto, com infinita franqueza e estoicismo,
Sou todo seu, caro Doutor!

 Lord Byron
  (Tradução de Raymundo Silveira)

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