Agosto

De novo vem Agosto.
Lavo o rosto e me preparo
para envelhecer mais um pouco
e receber nova idade —
meros números que
insistem em marcar
minha eterna brevidade.
Exulto-me em espanto caprichoso:
eis que Agosto
é quente e tempestuoso
e o meu gozo
é saber que tudo passa
mas que de tudo fica um sabor
um restante gosto
que se alastra
pelas tardes em alvoroço
e assim a gosto
engrosso a saliva
e sugo a vida
deste segundo
em que me encontro
a enveredar-me pelas trilhas
do meu sem fim —
fecundo ato de mim.
Absorvo de Agosto
o sol posto e o aniversário,
apontada data no calendário
lembrete que os dias
me são contados assim.
Festejo em velas,
risos e esperança.
Antecipada dança
coreografada no meu contemplar.
Eis que me vem outro ano,
verão, inverno e outono.
Primavera a me me renovar.

Sandra Lira Rodrigues

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