A
Manuel Bandeira

É uma festa só
o vento morno
engendrado no ventre da manhã.
A manga esperando na fruteira,
não sabe: também amadurece, a romã.

Por trás da casca espessa
a romã se divide,
igual estilhaços de entardecer.
Como se um céu estrelado a invadisse
e o mais não-escuro do seu ser
invisível ficasse
Até que o inesperado revelasse
o que ela prefere esconder.

                                Lenilde Freitas

Do livro: Tributos, Ed. Giordano, 1994, SP

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