QUINTANARES

“Enquanto houver poetas
haverá esperança no mundo.”
Mario Quintana

O pão para a fome
(a outra fome)
nasceu de Lua in(esperada),
da solidão das esquinas,
de um felino na varanda.
Nasceu de lâmina cálida
como, sempre, foi acesa
no hotel Majestic, a madrugada.
Dessa matéria in(visível)
de silêncio que não cala
de sapato velho de criança,
de frágeis flores
entre sal e pedras,
de um copo d'água, às pressas,
na Selva, às seis da tarde
são teus filhos, sempre, aurora
no espelho das águas do Guaíba
e o pôr-do-sol, do mesmo rio,
o fogo das pa(lavras).
E se Alegrete é um trem
que ficou na curva da estrada
agora, somos nós, Quintana
que tomamos chá com teus fantasmas.

Há um louva-a-deus
no parapeito da janela,
indisfarçavelmente verde.

É preciso ver
com os olhos da alma
e ter fome, sempre!

                        Larí Franceschetto

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