FLUXO

"Uma pessoa não entra no mesmo rio duas vezes; na segunda vez não é o mesmo rio nem a mesma pessoa"
[Heráclito de Éfeso, 500 a.C.]


Os dias se movimentam
em procissão contínua
águas de Heráclito
nos diferentes rios
relógios nas longas noites
siderais
astros e seus atos
em danças geométricas

Estrelas se formam
a cada instante que
inspiro
respiro
raios de sol tocam
seus acordes
nas frestas dos ventos
que copulam nas asas
dos pássaros
meu filho sorri no
mistério da existência

Silêncio ruído solstício
morte nascimento guerra
gira o mundo
em ritmo novo
repetição
sempre igual...

FLUXO II

Nasci na entranha antiga
do tempo
pertenço às gerações guardadas
no princípio do mundo
secreto

Trilho o caminho incógnito
que me leva ao destino
que não sei se
é finito
ou perene

É certo que não decifro
a existência hermética
presa aos movimentos
dos equinócios
antes e depois
pulsante vaivém de
ontens
hojes
amanhãs

Pássaro na gaiola,
labirintos me perderam
de mim,
quero o fio que
Ariadne deu a Teseu.

                  Solange Firmino

1º lugar no IV Concurso Nacional de Poesia de Intervalo 2005, RJ

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