CRONOLOGIA LITERÁRIA

Eu percorri o caminho de todos os vates
E seus caminhos cantei,
Cantei como cantam os rouxinóis apaixonados.

O canto do amor que ecoa a todo canto
O canto mais alto do melhor encontro
O canto do encanto.

Eu voei de janela em janela
A trovar minhas cantigas
A molhar a sacada com suas lágrimas.

Eu naveguei os mares
Fiz da nau meu soneto
E de meu amor redondilhas.

Exaltei-te em formas
Esculpi-te em mármores
Amei-te como a quem ama Vénus.

Consagrei-te ao céu
Desiludido, mandei-te a os infernos
Mesmo entre cegos olhos te amei.

Neste profundo vôo
Fulgi em busca do equilíbrio
E num crepúsculo, sua imagem me tomou.

Apaixonado teci flores num papel
Que exalaram o perfume de seu corpo
Que outrora se confundia com o meu.

Ao vê-la ao ninho preocupada
Percebi que minha demora a incomodava
Foi então que percebi o quanto amava.

Os astros mostravam
Os corações pediam
Nossos anjos se amavam.

Enquanto o rouxinol fazia seu vôo
O mundo era varrido em guerras
E ela morria de amor.

Sertão

Seco de fome
Morto o agreste
Espalha seus ossos
Frente à face ressecada.

O guerreiro de fogo
Verte suas chamas
Nas finas sombras sertanejas
Com seus rostos ressequidos.

De sede a fome os fere
Transpassados
A morte os guarda
Banhados de esquálido suor.

Os rios de águas imaginárias
Leva suas almas
Entre correntes de areia
Para longe do fogo do sertão.

Com seus dedos ásperos
Despeja suas sementes estéreis
Sobre um frontispício cálido
Que fecundará a Morte.

O sertão é o sol
E a chuva um milagre
O fogo é o sertanejo
O mar é a miragem.

            Darlan Alberto Alberto Tupinamba Araújo Padilha              

1º e 4º lugares, respectivamente, no I concurso de poesia Cidade de São Bentinho/PB, 2006

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