O ENGENHEIRO

             A Antônio B. Baltar

A luz, o sol, o ar livre
envolvem o sonho do engenheiro.
O engenheiro sonha coisas claras:
superfíceis, tênis, um copo de água.

O lápis, o esquadro, opapel;
o desenho, o projeto, o número:
o engenheiro pensa o mundo justo,
mundo que nenhum véu encobre.

(Em certas tardes nós subíamos
ao edifício. A cidade diária,
como um jornal que todos liam,
ganhava um pulmão de cimento e vidro.)

A água, o vento, a claridade
de um lado o rio, no alto as nuvens,
situavam na natureza o edifício
crescendo de suas forças simples.

                                        João Cabral de Melo Neto

Do livro: Obra Completa, org. Marly de Oliveira, 4ª impressão da 1ª ed., 2003, Nova Aguilar, RJ

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