O LENHADOR

E se ainda uma vez tentarem me reter —
não conseguirão

Mais cedo que ontem, partirei —
machado à mão

Não sei como irei vestido
Contudo sei que irei — Machado à mão —

O cansaço e a solidão da mata, será só isso o que me espera?
Talvez sim, talvez não

Lenha terei, lenha terei
quando o inverno durar mais que um inverno: durar também toda a primavera.

                                               Lenilde Freitas

Do livro: Desvios, João Scortecci, 1987, SP

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