SACIEDADE DOS POETAS VIVOS DIGITAL - VOL. 4

RIZOLETE FERNANDES - Nasceu na cidade de Caraúbas, Rio Grande do Norte, em 1949. Bacharelou-se em Ciências Sociais pela UFRN, em 1977, tornando-se, desde então, militante dos movimentos sociais em Natal, capital do Estado, onde reside, desde 1971. Foi dirigente da Associação dos Sociólogos do RN, do Sindicato dos Servidores da Administração Indireta do RN, do DIEESE/RN e de sucessivos grupos feministas que ajudou a criar, em Natal, a partir da redemocratização do país, nos anos 80. Preside, atualmente, a ONG Coletivo Leila Diniz. Tem participação em coletâneas de poesias publicadas no RN e no RS, em 2004 publicou “A história oficial omite, eu conto: Mulheres em Luta no RN” e em 2006, “Luas Nuas”, seu primeiro livro de poesias. Em março desse último ano, foi agraciada pela Prefeitura de Natal com a Medalha de Honra ao Mérito Nísia Floresta, “por relevantes serviços prestados à sociedade potiguar” e, em igual mês de 2007, foi a vez da Fundação José Augusto, executora da política cultural do Governo do Estado, conceder-lhe o Mérito Auta de Souza, na categoria “Mulheres – Poemas e Poesias”.

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Página individual de poesia em Blocos Online


           Casa partida

Casa inteira

Vigília

     

           Ameixa

Epicentro

Sem arrodeio

 

Casa partida

Tento segurar a casa
mas na sala parte-se o quadro
da luta desigual
a ata retirada da reunião no quarto
escorregou sob a cama
a passeata que da cozinha partiu
pela avenida
desfez-se na primeira esquina

Desço a escada espio
a rua vazia qual inútil geladeira

Se pelo menos os livros
na estante segurassem...

A televisão transpira sangue
e campanha eleitoral
acompanho o toque inexistente
do mensal telefone
ouço a mudez do toca-disco
sem rotação
sirvo uma bebida em taça sem borda
sem forma sem brinde

Resta o (des)conforto do banheiro
a umedecer o ímpeto...

Subo a escada e espio a alma vazia
a cama esquecida
em paralisia

Rizolete Fernandes

 
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