Negra mãe da LiberdadeVeio para esgueirar-se por trás das neblinas,
fazer vento ao senhor da casa,
cuidar das águas e verter filhos, quando amanhece.
Feita devido às pedras, bebeu dos riachos
e aconteceu de chorar, noite adentro.Sabia dançar a dança dos peixes
e soltar o corpo no vento dos tambores
incluídos de esperança.
Portava numa flor a primavera toda
e soprava ciscos de infinitude
na casa da escravidão.Porém longe, coseu-se de um trapo.
Achou ouro, puxou carro, colheu cana.
Teve fome. Foi surrada. Fez que não!
Dirigida para fonte, conjugou-se de futuro:
seu menino nasceu virado para o vento
— infinito como pássaro. Difícil de entender.Jelson Oliveira